os reis escandalosos: sebastião, o abusado


Reinado: 1557-1578

O Rei D. Sebastião pode ter sido vítima de pedofilia quando tinha 9 anos. Esta tese é sustentada por Harold Johnson, historiador da Universidade da Virgínia e autor da investigação Um pedófilo no palácio: ou o abuso sexual de El-Rei D. Sebastião de Portugal, publicada no livro Dois Estudos Polémicos.
Neto do Rei D. João III, D. Sebastião cresceu sem pais: a mãe teve de o deixar aos 3 meses para ir para Castela, a mando do irmão, Filipe II; o pai morreu 18 dias antes de ele nascer. O tio-avô, cardeal D. Henrique, inquisidor-geral do reino, escolheu para tutor do futuro Rei o padre jesuíta Luís Gonçalves da Câmara, descrito pelos cronistas como “gago”, “feio” e “cego de um olho”. 
D. Sebastião contraiu gonorreia antes dos 10 anos, altura em que passou a expelir regularmente fluidos seminais (poderiam ser confundidos com as ejaculações nocturnas, mas era demasiado novo). O facto de se tratar de uma doença sexualmente transmissível leva o historiador Harold Johnson a apontar vários indícios de que o Monarca sofreu abusos sexuais do sacerdote.

A cegueira, de que Luís Gonçalves da Câmara padecia, é uma das consequências possíveis da gonorreia. Um aio do Rei avisou, por carta, a avó de D. Sebastião (a Rainha D. Catarina de Áustria) de que o padre jesuíta já conhecia a “natureza” do rapaz e de que rapidamente passaria a controlar a sua mente, uma escolha de palavras que deixa subentendido que já teria abusado do Rei. Em 1566, a Rainha Catarina afastou o jesuíta da corte, o que é mais um indício de que suspeitava da relação do padre com o neto. 

Esta tese tem sido praticamente ignorada pelos biógrafos de D. Sebastião em Portugal, o que o investigador americano justifica com a repressão salazarista e também por ser politicamente incorrecta. 

Durante a juventude, D. Sebastião evitou sempre contactos com mulheres e fugiu a qualquer ideia de casamento. Mas manteve vários encontros com homens, relatam os cronistas da época, citados por Fernando Bruquetas de Castro, no livro Reis que Amaram como Rainhas. À noite, ia procurar parceiros numa mata em Sintra ou junto ao Tejo na margem sul, para onde se deslocava de barco com o seu pajem. E foi surpreendido uma vez por populares num bosque em Almeirim, abraçado a um escravo negro que tinha fugido do seu patrão – para se justificar, o Rei contou-lhes que pensava tratar-se de um javali e só descobriu que era uma pessoa quando estavam a “lutar”.

In Revista Sábado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

valha-nos santo eucarário!