de rastos nos querem, levantados nos terão


Há um facto que nem mesmo os economistas mais iluminados da nossa praça, arautos da miséria, apóstolos da desgraça, nem mesmo eles poderão negar: que os países com níveis de bem-estar mais elevados e de maior progresso económico e social são os países com menos desigualdades, melhores salários e pobreza residual.

Assim sendo porque é que esses economistas, e os políticos que lhes lambem as falas, mormente do PS, do PSD e do CDS, advogam a regressão de Portugal com a descida de salários e a perda brutal de direitos sociais?

Ou seja, querem-nos ao nível da China, do México, das Filipinas e do seu trabalho tantas vezes escravo, em vez de aspirarmos, legitimamente, a tornarmo-nos mais próximos de uma Dinamarca ou de uma Finlândia.

E, desplante dos desplantes, acusam-nos de trabalharmos mal, estudarmos pior, vivermos acima das nossas possibilidades, gastarmos demais, recorrermos demasiado ao crédito que os bancos publicitaram estridentemente mas que, pelos vistos, até não nos queriam conceder, não somos qualificados, somos madraços, tiramos demasiadas férias, temos demasiados feriados, somos o rebotalho, a choldra, a escória que vive à margem da sociedade constituída por eles, economistas e políticos, e pela sua elite de ricaços, porque é deles o reino da Terra (já que o dos Céus, se Deus existe, lhes será vedado por razão óbvias).

Não vou alongar-me em cada uma destas insinuações, valem o que valem e valem tanto quanto os homúnculos que as proferem. Falo por agora só de uma: se aos trabalhadores lhes faltam qualificações, porque carga d'água é que se deixam no desemprego tantos jovens acabados de sair das faculdades? Ou, quanto muito, se lhes dão salários de estrita sobrevivência em funções muito abaixo dos seus conhecimentos, das suas capacidades, matando-lhes a esperança de uma carreira, as perspectivas de um futuro condigno?

E se se acabasse antes com as offshores, a corrupção, a fuga ao fisco, a devastação dos dinheiros públicos, dos nossos dinheiros, em tudo o que os políticos gastam à tripa-forra, como se não houvesse amanhã e não existissem mais portugueses a não ser eles e os dos seus inner circle?

Se culpas cabem aos restantes portugueses, a larga maioria de mandriões que lhes paga as contas, são outras: continuar teimosamente a eleger esta gente para nos desgovernar em total impunidade.

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