por onde andam o PCP e o bloco de esquerda?


Com defeitos, que os têm, são os únicos partidos com assento parlamentar genuinamente de esquerda em Portugal. Por isso, estranho não os ver mais activos na altura, ouso dizer, mais perigosa que o país enfrenta desde o 25 de Abril de 1974: está iminente o golpe de misericórdia aos direitos dos trabalhadores, ao Serviço Nacional de Saúde, ao Estado Social como um todo, à compaixão, à solidariedade, à partilha, à generosidade, ao respeito pelos direitos mais elementares que todos os homens e mulheres merecem ter. 

Anunciam-se, com a frieza que só as bestas humanas possuem, Zola que me perdoe o plágio, mais despedimentos, mais impostos, mais assaltos à bolsa dos trabalhadores, assaltos oficialmente legitimados por decreto-lei. Privatizam-se empresas que dão lucro, entregam-se de mão beijada para exploração abusiva dos recursos de Portugal e dos portugueses em prol de uns quantos, o mais provavelmente estrangeiros. Nacionalizam-se as perdas e danos da banca, perdas e danos na realidade fictícios e que nos obrigam, a todos, a compensar, a pagar pela medida grande. A imoralidade, a devassidão, a falta de escrúpulos e de sentimentos grassa nos centros do poder político e económico do país e, mais grave, do mundo (porque só os contentinhos da silva com as suas vidinhas vazias ainda não perceberam o que está em causa, uma feroz contra-revolução global há muito em marcha, liderada nos bastidores pelos grandes grupos económicos).

E, a isto, qual é a resposta do PCP e do Bloco de Esquerda? Um ou outro discurso empolgado na Assembleia da República? Uma ou outra aparição na televisão, quando as televisões se dignam dar-lhes tempo de antena? É isto? É pouco. Este é o momento do tudo ou nada. De se criarem iniciativas novas, radicalmente novas, perante o apocalipse que se avizinha. É preciso que se unam entre eles e que se juntem a todos os movimentos cívicos, todas as associações políticas de esquerda, com humildade, com sinceridade, com raiva também, esquecendo o que os desune, tão pouco relevante num momento como este. É preciso que se promovam manifestações gigantescas. É preciso unir os portugueses conscientes, que os há e muitos, contra o "charme" do primeiro-ministro, a lábia do ministro dos negócios estrangeiros, a simpatia do ministro das finanças, a lata dos banqueiros, a sanha dos grandes capitalistas, as mentiras que nos querem impingir a torto e a direito, propaganda a favor de um neo-liberalismo que mais não é do que a tentativa ideológica de explicar e sustentar o mais abjecto e amoral dos capitalismos.

Sempre fui, toda a minha vida, moderado nas palavras e nos sentimentos. Não posso sê-lo mais. Vivemos tempos extremos que exigem palavras extremas e, mais ainda, medidas extremas.

Nota: sei que a grande maioria dos cidadãos da esquerda não alinhada não vão gostar do que aqui deixo escrito. O ódio aos partidos, a qualquer partido, supera a sensatez. É a doença infantil, de que também sofrem os partidos, do sectarismo e vistas curtas. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

valha-nos santo eucarário!