ao tempo do forte e feio


Lembro-me como se fosse hoje. Subia com o meu pai a calçada do Combro e, chegados ao Loreto, entrávamos na Sapataria Oliveira, a que calçava Lisboa inteira, dizia a publicidade. Os olhos do meu pai dirigiam-se para a prateleira com os sapatos mais baratos. Tinham que ser fortes, para resistirem ao tempo, e feios, para que eu resistisse à tentação da vaidade, essa mariquice dos ricos. E, naturalmente, tinham que ser maiores do que os meus pés, para aí um ou dois números, os fedelhos estão sempre a crescer, o ordenado não.

Ou me engano muito ou estamos a voltar a esses tempos, do forte e do feio, do pobrezinho mas honrado, do pobrete mas alegrete. Assim façamos por isso, com a nossa passividade, a brandura que encantava Salazar e que tão cómoda é a Passos. Passos perdidos.

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