aos revolucionários que abril pariu


Ai os heróis que eu, depois de Abril de 74, vi brotar da terra, como erva daninha! Tantos revolucionários. Tantos os que clamavam pelo socialismo, pela igualdade, por uma vida mais justa para todos. Onde estão, para onde foram esses agitadores de pacotilha, agora que o País tanto precisava deles, ao ponto a que está de soçobrar como raras vezes na sua História? Todos meteram o rabinho entre as pernas, se eclipsaram em doutoramentos, bacharelatos, casamentos e baptizados, presidências de conselho de administração, nas suas vidinhas acomodadas, nas suas casas aconchegadas, nos seus gabinetes de luxo, nos seus automóveis vistosos, nas suas moradias de férias, nas suas viagens, às Caraíbas para a praia, a Londres para as compras, a Chamonix para a neve, à Côte d’Azur para estar onde estão os ricos e famosos. E estão nos partidos para onde se mudaram trespassando ideais e consciência. Vendendo a alma ao diabo por um lugar ao Sol. Por empresas e autarquias, por cargos e prebendas, por alvíssaras e alcavalas. Foram-se todos, engolidos como minhocas na mesma terra que os viu nascer. Conquistas de Abril? Varram-se! Já cá não está quem falou. Se disse o que disse não queria dizer. Isso era noutros tempos em que era novo e nada sabia da vida. Delírios de juventude. Parvoíces. Caprichos. Arrufos.

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