custe o que custar

Há por aí uns estarolas, carolas bem pensantes, que não cessam de acusar a esquerda pela situação a que o País chegou. Não é só o Sócrates que é posto em causa, a ovelha ronhosa de todas as malfeitorias, é o PS todo, é o PC inteiro, é o BE em bloco, são todos os outros que nunca se sentaram sequer no parlamento. A esses mariolas, carolas bem pensantes, gostaria de dizer três  ou quatro coisas bem evidentes: 1) a crise é global e artificialmente montada pelos mercados financeiros, como tal as culpas de Sócrates são relativas (embora imperdoáveis); 2) o PS não esteve sempre no poder, o PSD e o CDS partilharam-no durante décadas; 3) O PS, no poder, raramente actua à esquerda mas sim à direita; 4) o PCP e o Bloco de Esquerda nunca governaram.

O que eles queriam sei eu: era que a esquerda (a que não governa mas que consegue, ainda assim, proteger os trabalhadores através da sua luta) se calasse, deixasse de protestar e de conseguir direitos e regalias para quem trabalha. É que, se não o fizer, se não se calar de uma vez por todas nem que seja depois de um bom safanão, coitado do patronato, o do grande capital entenda-se, que deixa de poder viajar em jactos privados, de comprar mansões na Quinta do Lago, de fazer férias nas Seychelles, de ir às compras a Milão e a Nova Iorque. Que importa os que passam fome, os que se suicidam, os que perdem empregos e sonhos. Danos colaterais numa guerra que eles querem ganhar. Custe o que custar.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

valha-nos santo eucarário!