passos coelho e os bicos




Por Tiago Mesquita

Quer-me parecer que está na altura do senhor primeiro-ministro e as tropas que instalou no governo descerem à terra de uma vez por todas.

Deixo-lhe por isso, se me permite, uma sugestão: vá à aldeia de Bicos. Vá e disfrute. Veja com os seus próprios olhos. Contemple o país real sem a calculadora na mão e o memorando da Troika no pensamento. Não o país de que o senhor, o seu ministro enervantemente monocórdico ou o economista de Vancouver insistem em falar e que eu, e estou certo que não estou sozinho nisto, não consigo vislumbrar. Não reconheço. Não sei que Portugal é esse. Começo a achar que em São Bento há um Portugal privado num dos jardins onde os ministros brincam felizes aos países. O seu Portugal não é o meu - claramente.

Na deslocação à aldeia de Bicos, por motivos de trabalho que nada tem que ver com este blogue, tive a oportunidade de conhecer o presidente da junta. Trata-se da junta de freguesia mais interior do concelho de Odemira. Este senhor (este sim um senhor) é presidente de uma das juntas que estou certo que o seu governo mais cedo ou mais tarde irá aniquilar. A bandeira preta lá estava pendurada - na sede - demonstrando a solidariedade para com as juntas cujo destino está traçado.

Este senhor, a quem tiro o meu chapéu, conduz ele próprio na carrinha da junta os miúdos à escola e os idosos ao centro de dia. Todos os dias, com um sorriso na cara, faz muito mais do que aquilo que aqueles que o elegeram alguma vez ousavam exigir-lhe. É um político. É o político. É um exemplo. Ele, com as suas próprias mãos ajuda a enterrar os que falecem na aldeia porque não há dinheiro para pagar a um coveiro. O anterior reformou-se e não há verba que permita contratar alguém que o substitua.

Agora pergunto-lhe: quem vai fazer este serviço meritório que é muito, muitíssimo mais do que público, é verdadeiramente humano. É altruísta. Verdadeiramente incrível. Vai ser o Dr. Miguel Relvas? Esse poço de sensibilidade. Por isso, e porque acho que lhe fazia bem esta conversa de "coveiro para coveiro", passe pelos Bicos e pode ser que se faça luz nessa cabeça sem que a EDP se apresse a vendê-la aos chineses. Este é que é o país real. O país que os senhores não conhecem de parte alguma. Isto é Portugal.

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