a hecatombe

Ando pelas redes sociais há uns dois anos, nem tanto. Leio. Tresleio. Escrevo lá, escrevo cá. E reparo que o nosso vocabulário pouco mudou: o país está uma desgraça, blablablabla. Mas o que é certo é que entre o PEC IV, que chumbámos, e as medidas sucessivas deste governo, está a diferença entre um abalo e uma hecatombe. No tempo de Sócrates fez-se, lembro-me bem, não foi miragem nem delírio, o 12 de Março. Nunca houve tanta gente nas ruas: dos verdadeiros indignados, como eu, honra me seja feita, aos jotinhas e tiazinhas cá da terra, a fazer o trabalho de sapa para que Sócrates caísse. E, de facto, caiu pouco depois. Para dar lugar à hecatombe. À maior desvergonha de que há memória no Portugal democrático. O roubo indisfarçado. O desprezo de um homenzinho, se é que pertence à categoria dos humanos, pelo povo que diz governar. A perda sucessiva de todos os direitos e de todas as garantias. A pobreza, o desemprego, a razia na saúde e na educação. Mas o nosso vocabulário pouco mudou, não radicalizou. E, em contrapartida, ficámos em casa. À espera que a crise passe. Deve ser isso.

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