senhor primeiro-ministro, temos cara de palhaços?

Por Tiago Mesquita

Sem ofensa para os palhaços profissionais, que muito respeito, mas foi o que me ocorreu após ter ouvido o primeiro-ministro no debate do Estado da Nação. Até um "eu não vejo nenhuma razão para que os portugueses se sintam assustados" lhe saiu. Perdão? Falo por mim, mas quando o ouço falar desta forma ponho o nariz vermelho e pego logo na corneta. E se estava assustado, pior fiquei depois da demonstração de optimismo delirante a que assisti. Em que mundo, ou melhor, em que país vive o senhor? Acha sinceramente que existe algum português vivo que ainda acredite nesse fadinho corrido do contentamento de quem está no poder desligado do país real? Os portugueses têm todos uma licenciatura em "igualzinho-ao-anterior-e-igual-ao-próximo" e doutoramento feito com muito bom, louvor e distinção na defesa da tese PSD + PP = PS = estamos lixados outra vez. Tudo feito presencialmente. Apesar de ter a certeza que algumas Universidades dariam com relativa facilidade equivalência a tudo isto só pela experiência demonstrada como cobaias bem comportadas às mãos de V. Exa´s. Um milhão de desempregados depois, o país na miséria e os portugueses em dificuldades extremas. Dezenas de milhares de pessoas a entregarem as suas casas aos bancos. Bancos que os portugueses pagam quando estão prestes a ir ao charco ou com "falta de ar". Nacionalizações disparatadas e financiamentos escandalosos. Milhares de jovens sem futuro e obrigados a fugir do país. Corrupção a rodos. Os banqueiros a brincar aos governos. A Troika a ganhar dinheiro. Milhares de professores contratados com guia de marcha para o desemprego. Temos uma ministra da justiça, ouvi dizer. O cerco ao SNS, aos médicos e restantes profissionais de saúde - entregando de bandeja o que é de todos ao sector privado. A promiscuidade que alastra em vez de estancar. Impostos grotescos com efeitos devastadores. Agricultores desesperados. As nomeações escandalosas e os boys colocados. O roubo dos subsídios aos funcionários públicos e o aproveitamento de uma decisão do TC para possivelmente estender o corte aos privados, "cuspindo" na Constituição que nos deveria proteger. Posto isto, vê V. Exa algum motivo para preocupação, algo que deva assustar os portugueses? Não? Nada? Nem o défice a escorregar que nem um maluco? Onde estão as políticas de emprego? Quando é que V. Exa se digna a olhar para as parcerias público-privadas, esse cancro que mina o Estado e que nos vai levar à desgraça orçamental e provável falência. Quando é que põe ordem nas contas públicas da Madeira, esse sorvedouro insustentável, calando de uma vez por todas aquela personagem insuportável que goza connosco, consigo e com o Presidente desta coisa a que chamam República sempre que abre a boca? Dr. Passos Coelho: os portugueses têm todas as razões para estar assustados, ou não fosse o senhor o atual primeiro-ministro deste país. 

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