bardamerda ainda se escreve bardamerda?




Quem fez o inventário foi o Aventar (http://aventar.eu/): o guião para a reforma do Estado do irreversível, incontornável, irreparável, irrepreensível Paulo Portas não respeita o povo português, mas  também não respeita a ortografia, nem a "antiga" nem a "moderna". É assim uma espécie de sopa de letras azedada, uma caldeirada de pontapés no "bem falar, bem escrever". A Edite Estrela, apoiante do acordo ao que sei, não deve ter gostado nada de ler a sebenta sebenta do Estado melhor, mais pequeno, mais barato, mais pindérico para uns, mãos-largas para outros.

Ora vejamos, e passo à singela tarefa de copy e paste a partir do Aventar. Enquanto lê e dá pelos dislates, vá apreciando a ideologia neoliberal de que Portas, irreprimível, insubstituível, se tornou indefectível porta-voz e indesmentível paladino:

Efectivamente, fazendo um pequeno apanhado de co-ocorrências presentes neste Guião 

acção (p. 32) e ação (p. 39) 
adopção (p. 10) e adoção (p. 110) 
aspecto (p. 12) e aspeto (p. 72) 
activo (p. 55) e ativa (p. 84) 
actividade (p. 8 ) e atividade (p. 69) 
actual (p. 11) e atual (p. 81) 
actualmente (p. 47) e atualmente (p. 93) 
correcção (p. 21) e correção (p. 62) 
direcção (p. 14) e direção (p. 72) 
directa (p. 19) e direta (p. 37) 
electrónica (p. 109) e eletrónica (p. 110) 
exactamente (p. 10) e exatamente (p. 104) 
excepcional (p. 101) e excecional (p. 63) 
factor (p. 95) e fator (p. 96) 
inspecção (p.60) e inspeção (p. 60) — exactamente, p. 60; 
objectivo (p. 67) e objetivo (p. 63) 
percepção (p. 42) e perceção (p. 57) 
projecto (p. 73) e projetos (p. 73)— efectivamente, p. 73; 
protecção (p. 60) e proteção (p. 61) 
sector (p. 80) e setor (p. 87) 
trajectória (p. 40) e trajetória (p. 101), 

espera-se, obviamente, uma elevada frequência de pérolas como

"A consagração de uma carta de missão para a CGD representa um passo em frente e o escrutínio anual dos seus objectivos permitirá assinalar o respetivo grau de cumprimento (p. 64)"

ou

"Uma nova geração de reformas no Estado tem de ser coerente com a trajectória de garantir que há consolidação orçamental. Temos, no horizonte, um défice de 2,5% em 2015; e temos objetivos de médio prazo plasmados tanto no Tratado, como no Documento de Estratégia Orçamental. Assinale-se, ainda, a necessidade de retornar a nossa dívida pública a valores aceitáveis nas próximas décadas (p. 40)"

ou

"A margem de manobra do nosso país é aquela que é conferida pelo facto de sermos globalmente um país cumpridor. Foi isso que já permitiu uma redução na taxa de juro praticada, a importante extensão de maturidades dos nossos empréstimos e correções nas metas orçamentais estabelecidas. A percepção sobre Portugal melhorou significativamente; o nosso país, como a Irlanda, pode e deve ser um caso de ajustamento com um final positivo (p. 42)"

ou ainda

"É conhecido, ainda, que as experiências de simplificação e de desmaterialização administrativas dos últimos anos já mudaram em muitos domínios a relação direta do Estado com os cidadãos e agentes económicos: são exemplos paradigmáticos os setores dos registos, da administração fiscal, da saúde (nomeadamente, a prescrição electrónica) ou dos licenciamentos das atividades económicas (licenciamento zero), onde a digitalização avançou (p. 109)"

e não esquecendo quer

"deve, ainda, ser seriamente equacionada a reforma da função inspectiva do Estado. Algumas Inspecções-Gerais têm demasiada especificidade para poderem ser integradas; outras não. Mas se é certo que um Estado menos pesado na economia deve acautelar devidamente, não apenas as funções reguladoras e de supervisão, como também as funções de inspecção, então fará sentido agregar inspeções e reforçar a sua autoridade e prestígio (p. 48)"

quer

"As falhas de supervisão muito sérias quanto a atividades criminais ou irregulares em parcelas do sistema financeiro, com elevado custo para o contribuinte; a dificuldade em detetar, a tempo, procedimentos de risco para lá do aceitável; a permissividade em relação a práticas abusivas no setor da concorrência; algum desinteresse pela qualificação das atividades inspectivas dos próprios Ministérios, resultaram, cumulativamente, numa diminuição da confiança necessária nestas funções de regulação, supervisão e inspeção (pp. 60-1)."

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