façam-me lá este favor!

Pedro, Paulo e outros apóstolos do regime neofascista onde cá vamos cantando e rindo, coadjuvados pelos propagandistas de ocasião, e como toda a gente sabe a ocasião faz o ladrão, bombardearam-nos nos últimos tempos com boas novas, talvez por influência da quadra que se quer benfazeja. Os portugueses estão a gastar mais, a economia recupera a olhos vistos, levantou-se mais dinheiro nos multibancos, o Natal foi mais feliz e mais pródigo para todos, as lojas andaram cheias, os vendedores num corropio, carregaram-se sacos e sacos de prendas e vitualhas para casa de cada um, é o milagre económico anunciado por Pires de Lima, o país de Cavaco deixou de andar escavacado por desígnio, talvez, de Nossa Senhora, a de Fátima, a das Dores, a dos Aflitos, a dos Defuntos, a dos Desvalidos. Todas elas, em uníssono, velaram por nós, mais uma vez ao menino e ao borracho puseram, a mando de Deus, as mãos por baixo.

Estava eu nestas benignas divagações quando, num momento de azar, abro a Visão e leio que os portugueses são quem menos gasta em toda a Europa comunitária, longe dos gregos, muito longe dos espanhóis, longíssimo dos alemães. Ou seja, 46% abaixo dos alemães, 15% abaixo dos espanhóis, 8% abaixo dos gregos. Até dos gregos, senhores!

Não bate a bota com a perdigota, ou o governo nos mente, o que nem é costume, ou os dados da Eurostat, publicados pela Visão, são mais falsos do que as jóias de Sir Pinchbeck, pechisbeques de encher o olho aos papalvos que comem e calam, num silêncio que ensurdece.

Como em matéria de economia, macro-economia, altas finanças e cavalarias altas sou como o Jesus de Pessoa, tenho-lhes o entendimento de um petiz de três anos, expliquem-me estes números, os dos arautos governamentais e os outros, os da Eurostat. Devagarinho, direitinho, muito esmiuçadinho, parcela por parcela.

Façam-me lá este favor, para entrar o ano em beleza.

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