o macaco


Por Mário Dias Ramos
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A maior parte da verborreia regurgitada pelos parlamentares na Assembleia da República cheira a lixo e é, de facto, lixo.

O debate parlamentar das quintas-feiras é, a meu ver, a mais clara manifestação de que todo o ser humano devia estar no seu devido lugar e isso não acontece.

Na sociedade, conforme está organizada no Portugal de hoje, um número enorme de homens e mulheres desempenham funções para as quais não estão preparados – os espectáculos lamentáveis que os debates parlamentares nos oferecem via televisão são, aqui e ali, bons exemplos do que afirmo.

Que todo o ser humano esteja no seu lugar é o ideal do estado aristocrático em total oposição ao do estado democrático – aqui tudo está fora do seu sítio! Realmente na sociedade portuguesa dos últimos 40 anos um número enorme de homens e mulheres estão a desempenhar funções para as quais não foram naturalmente preparados. Tal circunstância reflecte-se no dia-a-dia dos portugueses. O actual governo é um bom exemplo. E algumas oposições também não escapam ao anátema.

De um lado os adaptados, do outro os inadaptados. A consciencialização deste desperdício de forças (pois é disso que se trata) cria descontentamento, azedume e uma espécie de cinismo muito desagradável ao próprio indivíduo, e perigoso para uma sociedade que dia a dia se sente isolada, abandonada, desprezada, socialmente empobrecida.

Os actuais homens do poder atormentam o povo e os seus subordinados tecem uma política astuciosa, agressiva, trapalhona, que constantemente se contradiz sem o mínimo respeito pelos cidadãos. Refiro-me aos inadaptados. E só não vê isto quem não quer, ou a quem não convém ver. Os sintomas são típicos: desemprego, fome, desemprego e mais fome – este é o trabalho obstinado do governo de Passos e Portas. Eles leram, com certeza, a teoria do Sr. Stephen Rose, especialista norte--americano em recursos humanos quando afirma que “não vale a pena perder tempo com os trabalhadores mais velhos. É muito difícil reciclá--los. O futuro está nos jovens”.

O actual governo, tudo o indica e já ninguém duvida, pensa como o Sr. Stephen Rose, para quem a felicidade consiste em viver bem à custa dos sacrifícios dos que vivem mal.

É a política do capitalismo e da direita radical que está a dominar o tempo que vivemos. Todos eles, afinal, o que querem é viver bem. Nem que para isso, em nome do “equilíbrio” económico, o façam à custa dos milhões que, desempregados, só conhecem a fome e a miséria.

Os meus amigos conhecem aquela anedota do macaco que fazia coisas feias à mãe?

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